ÉTICA E CIÊNCIAS DA VIDA
Clonagem humana
Dráuzio Varella
A clonagem humana foi e continua sendo uma questão amplamente discutida. O fato criar cópias de indivíduos realmente seria um crime, mas impedir o uso de células-tronco embrionárias no tratamento de doenças graves também é crime.
Quando um espermatozóide fecunda um óvulo, a célula resultante faz 2, depois 4, 8 e assim por diante cópias de si mesma. Depois de 72 horas já surgiram mais de cem células agrupadas formando o blastocisto.
Na fase em que o embrião tem de 32 a 64 células, elas se organizam segundo dois destinos: as que estão situadas mais externamente darão origem à placenta e à bolsa amniótica; as da parte interna, muito mais versáteis, irão formar todos os tecidos do futuro organismo. Essas células pluripotentes, capazes de se diferenciar em mais de duzentos tipos celulares para constituir tecidos como fígado, coração, pulmão, recebem o nome de células-tronco. À medida que as células-tronco do blastocisto continuam a multiplicar-se, essa capacidade de formar qualquer tecido é perdida.
Uma grande descoberta do século XX foi a que resultou na clonagem da ovelha Dolly. Nesse experimento, pesquisadores escoceses retiraram o núcleo contendo material genético de um óvulo e nele introduziram o DNA retirado de uma célula mamária adulta, já diferenciada. Para surpresa do mundo, depois de quase trezentas tentativas, a célula resultante gerou Dolly.
A diferença entre clonagem reprodutiva e clonagem terapêutica é que a primeira tem pro finalidade gerar um feto geneticamente idêntico ao doador do material genético. Já a segunda, as células-tronco jamais serão introduzidas em algum útero, elas são direcionadas ao laboratório para fabricar tecidos idênticos ao do doador, tecidos que nunca serão rejeitados por ele.
A clonagem terapêutica oferece a possibilidade de repor tecidos perdidos por acidente ou pelo passar dos anos e de tratar doenças neuromusculares, infartos, derrames cerebrais, Alzheimer e outras demências, cegueira, câncer e muitas outras.
O projeto de lei que proíbe autoritariamente a clonagem terapêutica, já aprovado pelos deputados e que será submetido ao Senado, conta com o repúdio frontal da comunidade científica.
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